segunda-feira, 2 de junho de 2025

Vermes de veludo preto: sabia da sua existência? São fósseis vivos


Em março de 2022, Rohan Barnard, estudante da Universidade de Stellenbosch (SU), andava a passear numa quinta nas montanhas Swartberg, entre Calitzdorp e Oudtshoorn, revirando rochas à procura de formigas, répteis e outros bichos, quando se deparou com a descoberta de uma vida.

Enterrado na areia húmida por baixo de um monte de folhas na periferia de um pequeno rio, encontrou um verme de veludo preto. Sabendo que são raros, tirou um exemplar e publicou uma imagem na aplicação de observação da biodiversidade, iNaturalist.

“Eu tinha um conhecimento básico dos vermes de veludo do Cabo, tendo encontrado um pela primeira vez em Table Moutain em 2019. O meu irmão mais velho foi incumbido pelo seu professor de zoologia, Savel Daniels, de recolher vermes de veludo. Com o meu interesse por formigas, ajudei-o de bom grado nesta tarefa”, explica Rohan, atualmente estudante do terceiro ano da licenciatura em Ecologia e Entomologia da Conservação.

antepassado marinho há muito esquecido – provavelmente a Hallicogenia. Os fósseis mostram que os vermes de veludo não mudaram muito desde que divergiram do seu parente antigo há cerca de 540 milhões de anos. Isto significa que os Onycophorans têm vivido na Terra desde o chamado período Cambriano da pré-história. Atualmente, os vermes de veludo modernos vivem em terra e só se encontram em habitats húmidos, em áreas que originalmente faziam parte do antigo supercontinente Gondwana.



Autor: sustentix
Fonte: sustentix
Sítio Online da Publicação: sustentix
Data: 29/05/2025

Esta vespa pré-histórica mortífera capturava as suas presas com abdominais de ‘armadilha-de-Vénus’


Na mitologia grega, o monstro marinho Caríbdis engolia e regurgitava grandes volumes de água, criando remoinhos suficientemente fortes para arrastar os navios de passagem para a sua perdição. Noventa e nove milhões de anos antes de o mito ser criado, período médio do Cretácico, a vespa Sirenobethylus charybdis utilizava uma armadilha mortífera semelhante, que recentemente lhe conquistou um nome científico inspirado pelo monstro mitológico.

Uma estrutura semelhante a uma armadilha-de-Vénus (Dionaea muscipula) existente no abdómen da vespa mantinha os prisioneiros no sítio, enquanto a vespa depositava os seus ovos nas vítimas, obrigando-as a incubar os seus descendentes. São as conclusões de um novo artigo publicado na revista BMC Biology, que examinou dezenas de vespas retidas em âmbar.

“Esta descoberta revela que os insectos antigos já tinham desenvolvido estratégias sofisticadas de captura de presas”, diz Wu Qiong, autor principal do artigo e doutorando da Faculdade de Ciências da Vida da Universidade Capital Normal. “Está a reformular o nosso conhecimento da evolução da vespa parasita.”

Examinando o âmbar ao microscópio
O âmbar que continha o espécimen de Sirenobethylus charybdis era mais ou menos do tamanho de uma moeda. Em 2015, um coleccionador de fósseis chinês comprou estes fósseis ao estado de Kachin, no Myanmar, e doou-os à universidade chinesa Capital Normal.

A olho nu, a Sirenobethylus Charybdis parece uma vespa contemporânea, com um abdómen mais largo do que a média.

“Inicialmente, atribuímos isto a uma deformação ocorrida durante a preservação, sobretudo porque este tipo de deformação e distorção é comum durante a fossilização”, diz Wu.

No entanto, um exame mais atento, recorrendo a um microscópio e imagens de TAC, revelou uma estrutura impressionante.

A extremidade abdominal da vespa continha três pregas, com uma configuração semelhante à de uma armadilha-de-Vénus. Em vários fósseis, a prega inferior abria-se, com ângulos ligeiramente diferentes, sugerindo que era capaz de se mexer e agarrar coisas. Tal como uma armadilha-de-Vénus, o lado de baixo da prega inferior também está revestido com pêlos longos e flexíveis que detectam movimento.

Exame mais atento do fóssil
Qiong Wu, Faculdade de Ciências da Vida da Universidade Capital Normal
Um exame mais atento do fóssil revelou uma característica semelhante à de uma armadilha-de-Vénus, que permitia à vespa capturar presas.

Quando um insecto insuspeito accionava esses pêlos, poderia activar o fecho rápido das pregas abdominais, permitindo à vespa prendê-lo.

Os cientistas não crêem que a vespa matasse as suas vítimas imediatamente, mas sim que as utilizasse como incubadoras vivas para a sua descendência.

Várias estruturas rígidas semelhantes a pêlos na parte de cima da prega inferior, juntamente com a prega relativamente flexível do meio, seguravam, suave, mas firmemente, o insecto hospedeiro até a vespa acabar de pôr os ovos. Só em seguida é que a vespa libertava o seu prisioneiro.

“A estrutura de armadilha-de-Vénus do abdómen da Sirenobethylus charybdis não tem precedentes em toda a história da investigação sobre insectos do Mesozóico”, diz Wu, “nem nunca foi documentado nada semelhante em insectos vivos.”

Chenyang Cai, que não participou no estudo é paleoentomologista no Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanjing, na Academia Chinesa das Ciências, louvou a vespa fossilizada como uma descoberta “única” e explicou que a Sirenobethylus Charybdis é “muito diferente das vespas ou outros insectos da actualidade” e a sua existência “realça a diversidade dos insectos do período médio do Cretácico, revelando formas que nunca tínhamos imaginado”.

Uma bizarria evolutiva
Os cientistas não sabem quais os insectos escolhidos pela Sirenobethylus charybdis para incubar os seus ovos. Dado o tamanho diminuto da estrutura de armadilha, é possível que os hospedeiros fossem insectos minúsculos e ágeis, como colêmbolos ou moscas pequenas.

Estudando espécies semelhantes que vivem actualmente, a equipa conseguiu elaborar outras teorias sobre esta vespa pré-histórica.

Uma parente distante da Sirenobethylus charybdis, a actual vespa Dryinidae também desenvolveu a capacidade de capturar os seus hospedeiros – restringindo-os temporariamente, depositando os ovos e libertando-os em seguida.

As fêmeas de vespa Dryinidae têm patas dianteiras modificadas, possuindo um dispositivo de compressão que lhes permite segurar firmemente os hospedeiros quando põem os ovos. Estas caçadoras sem asas, com olhos grandes e pernas esguias, estão bem adaptadas para se deslocarem rapidamente e capturarem outros insectos.

Em contraste, a Sirenobethylus charybdis parece mais desajeitada. Tem olhos mais pequenos e patas mais curtas, o que sugere que era mais lenta do que as vespas Dryinidae.

A localização da estrutura de captura, na parte de trás do seu corpo, tambémdificulta a captura de hospedeiros em movimento. Com base nestas características, os investigadores acham que era um predador de emboscada, permanecendo, provavelmente, estacionário e emboscando os insectos que vagueavam demasiado perto.

Os fósseis do período médio do Cretácico como este, observou Cai, revelam que os insectos de então eram “incrivelmente diversificados – possivelmente ainda mais especializados, em alguns casos, do que aquilo que vemos actualmente”.

Tais descobertas, sublinha, são “um lembrete fundamental de que estudar apenas as espécies vivas nunca nos dará a história completa da evolução”.


Autor: nationalgeographic
Fonte: nationalgeographic
Sítio Online da Publicação: nationalgeographic
Data: 29/05/2025