terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Leite materno garante a hidratação de bebês




A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam que até o sexto mês de vida do bebê seja oferecido somente leite materno. Mesmo nos meses mais quentes, de verão, não é indicado dar água, chá, suco ou qualquer outro líquido. Já a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda oferecer suco somente após um ano de idade. Isso porque cerca de 90% do leite materno é composto de água, além de conter todos os nutrientes em qualidade e quantidade necessárias para o crescimento e o desenvolvimento adequado da criança.

“Oferecer água para o bebê antes dos seis meses de vida pode causar sérios problemas à saúde, tais como diarreia e má nutrição. Nem água, suco ou chazinho são necessários nesse período. Isso pode diminuir a vontade de mamar e a consequência é a diminuição na produção de leite. A conta é simples: quanto mais o bebê mama, mais leite é produzido. Portanto, nada de querer incrementar o cardápio do seu pequenino”, explicou a pediatra do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Marlene Roque Assumpção.

A pediatra enfatiza que o leite materno é o alimento ideal para matar a sede e saciar a fome do bebê. “No início da mamada, ele é mais rico em água e açúcar, saciando também a sede do bebê, e o do final é mais rico em gordura, sendo mais calórico e fornecendo mais saciedade e ganho de peso à criança”, esclarece. Somente depois dos seis primeiros meses que o bebê vai precisar experimentar novos sabores e texturas, quando serão introduzidos papas de frutas e papas salgadas. Marlene Roque lembra que o leite materno deve ser mantido até os dois anos ou mais.

Leia mais sobre introdução alimentar.


Autor: Juliana Xavier
Fonte: IFF/Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data de Publicação: 29/01/2018
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/leite-materno-garante-hidratacao-de-bebes

Consultoria estima que Brasil perdeu R$ 2,3 bilhões em um ano com doenças do Aedes





Mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, morto sobre o dedo de uma mulher. doença, vetor, inseto, transmissores, contágio, mosquitos. -HN- (Foto: Betina Carcuchinski/PMPA)


Um levantamento divulgado nesta terça-feira (30) estimou o prejuízo na economia brasileira devido à transmissão de zika, dengue e chikungunya em 2016. De acordo com a empresa de consultoria e pesquisa Sense Company, o impacto direto e indireto chegou a R$ 2,3 bilhões. Naquele ano, o Brasil teve quase 2 milhões de casos de doenças relacionadas ao Aedes aegypti.


Estimativa do impacto devido a dengue, zika e chikungunya por região

Região Combate ao vetor Custos médicos diretos Custos indiretos
Sudeste R$ 487 milhões R$ 110 milhões R$ 180 milhões
Nordeste R$ 477 milhões R$ 104,9 milhões R$ 178 milhões
Norte R$ 178,5 milhões R$ 8,2 milhões R$ 13,2 milhões
Centro-Oeste R$ 120,7 milhões R$ 26,7 milhões R$ 43,1 milhões
Sul R$ 128,2 milhões R$ 9,1 milhões R$ 15,1 milhões

Fonte: Sense Company


Os dados foram pedidos à consultoria pela empresa Oxitec, que trabalha com estratégias de controle a insetos transmissores de doenças. Os resultados mostram que o dinheiro investido no combate ao vetor – repasses federais e compra de pesticidas – representou 64,6% do valor total. Os custos médicos diretos, que estão relacionados ao tratamento das doenças nas fases agudas, são 16,4% dos gastos. Já os custos indiretos, que impactam devido às faltas dos trabalhadores e à perda da produtividade, significam 18,9% do prejuízo do país.


O Nordeste, apesar de concentrar mais casos de zika e chikungunya, perdeu menos dinheiro que o Sudeste, onde houve uma maior concentração de dengue. Os pesquisadores responsáveis dizem que o número total de R$ 761 milhões em perdas no Nordeste é "uma cifra conservadora", já que não leva em conta os custos dos tratamentos da síndrome congênita do vírus da zika, em que uma das consequências é a microcefalia.




"A gente incluiu os custos de tratamento agudo dos episódios de zika, mas a gente não incluiu os custos das complicações de longo prazo", disse a pesquisadora Vanessa Teich, autora do estudo.


Metodologia


A consultoria demorou cerca de cinco meses para conseguir as informações. Para levantar os repasses para o combate ao vetor, Vanessa disse que os valores foram retirados de fontes oficiais, de portarias do Ministério da Saúde que definem verbas para os estados e municípios.


"Existem alguns repasses, entre eles o Piso Fixo de Vigilância em Saúde. Essa é uma verba que é usada no combate para todas as doenças. Nós conseguimos algumas estimativas de que 60% a 70% desse dinheiro é usado no combate ao Aedes", explicou.
Estados com mais gastos referentes às doenças do Aedes
Valores em milhões de reais são apenas do ano de 2016
Estado323,9323,9255,4255,4192,4192,4157,3157,3128,2128,2Minas GeraisSão PauloBahiaRio de JaneiroPernambuco050100150200250300350

São Paulo
R$ 255,4

Fonte: Sense Company


Com base nessas estimativas de 60% a 70%, retiradas de reportagens, Vanessa e os pesquisadores somaram o total usado pelos órgãos públicos no combate aos vetores. O gasto com inseticidas e larvicidas, informado pelo governo federal, também está incluído neste número.


Já os custos médicos foram contabilizados de acordo com os números do Sistema Único de Saúde (SUS) disponíveis.


"Estamos considerando em nosso estudo todos os casos de arboviroses tratados pelo SUS, com os dados hospitalares disponíveis", informou Vanessa.



Já os custos indiretos, que representam o prejuízo devido às faltas dos pacientes infectados ao trabalho e a queda na produtividade, foram calculados de acordo com uma metologia usada em um estudo internacional.


"Inicialmente, fizemos uma estimativa de anos de vida perdidos. Mas isso traz muita incerteza. Então, fomos mais conservadores e consideramos o custo indireto apenas com relação aos dias que o indivíduo falta ao trabalho", completou.


Autor: Carolina Dantas, G1
Fonte: G1
Sítio Online da Publicação: G1
Data de Publicação: 26/01/2018
Publicação Original: https://g1.globo.com/bemestar/aedes-aegypti/noticia/consultoria-estima-que-brasil-perdeu-r-23-bilhoes-em-um-ano-com-doencas-do-aedes.ghtml

Deixar faltar água e esgotamento sanitário é violação de direitos humanos. Entrevista com Léo Heller

Quando nos deparamos com falta d’água, estamos falando de violação de direitos humanos, orienta Léo Heller, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos à água e ao esgotamento sanitário. Com mandato outorgado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, Heller faz voluntariamente dois relatórios temáticos por ano, além de dois anuais sobre a situação de diferentes países.

Léo Heller. Foto: Fiocruz


Seu trabalho pode ser um marco importante na direção de soluções para problemas frequentes, entre eles, os de regulação e de acessibilidade financeira. “A rigor, cortar água de quem não pode pagar é violação dos direitos humanos.Então, os países signatários dos tratados e resoluções deveriam ter uma lei que claramente proibisse o corte nesses casos”, afirma ele.

Leia a seguir a entrevista dividida por tópicos, com o objetivo de facilitar a compreensão do tema sob a ótica dos direitos humanos.



Origem do saneamento como direito – “No arcabouço legal internacional, os direitos à água e ao esgotamento sanitário derivam do artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, que trata do padrão mínimo adequado de vida. Posteriormente, várias convenções, como das crianças, das mulheres, das pessoas com deficiências, citaram explicitamente o direito à água, mas é em 2010 que a ONU aprova a resolução que define mais especificamente o direito humano à água e ao esgotamento sanitário. Já tinha havido uma tentativa antes, com voto contrário de vários países, inclusive do Brasil. Porém em 2010, o Brasil é um dos países que mais fortemente apoia a resolução, apresentada pelo governo da Bolívia, e aprovada com 123 votos favoráveis e 41 abstenções. O direito à água fala do uso prioritário para consumo humano. Se numa comunidade há uma empresa que está reduzindo a disponibilidade de água para consumo humano a um nível insuficiente, está havendo violação do direito”, afirma Heller.

Falta incluir na Constituição Federal – “Vários países já mudaram sua Constituição para incluir os direitos à água e ao esgotamento sanitário. O Brasil não fez isso. Existem propostas de emendas constitucionais (PECs), mas aparentemente a agenda do Congresso e do governo é outra. O Brasil está atrasado em relação a isso, mas o Judiciário brasileiro tem chamado o tema, fazendo prevalecer esses direitos”, disse.

Como avaliar à luz do direito humano – “De forma bem esquemática, o que se faz é associar duas dimensões distintas: o conteúdo normativo e os princípios dos direitos humanos. No caso da água, de acordo com o conteúdo normativo, cinco requisitos devem ser cumpridos:
Acessibilidade financeira: as pessoas não devem ter o acesso ao serviço negado por falta de capacidade financeira de pagamento;
Acessibilidade física: os serviços devem ser fornecidos de tal maneira que todos possam ter acesso, idosos, crianças, população rural, população em situação de rua, escolas, presídios etc.;
Disponibilidade: os governos têm a responsabilidade de prover de infraestrutura os serviços 24 horas por dia, próximo às residências e demais locais;
Aceitabilidade: as soluções precisam levar em conta os valores culturais e características das comunidades;
E qualidade.

Para o esgotamento sanitário, a esses elementos se agregam os requisitos da privacidade e da dignidade.

Já entre os princípios estão o do direito à informação e à participação, além da igualdade e não discriminação, que é muito central. O padrão de fornecimento desses serviços no Brasil é discriminatório. Se fizermos qualquer distribuição de quem tem e de quem não tem acesso – ou quem tem melhor ou pior –, veremos sempre que quanto mais rico, melhor o serviço. Este é um padrão que tem se mantido no Brasil de forma muito acentuada.

Quando associamos o conteúdo normativo e os princípios, podemos analisar se está ou não havendo violação de direitos humanos. Um princípio muito interessante de analisar é o do cumprimento progressivo, ou seja, é esperado avanço gradativo. Quando há retrocesso, há violação”, explica.

Falha na regulação dos serviços – “O processo de regulação pode ser um instrumento importante para enquadrar esses serviços no marco dos direitos humanos. Entretanto, em um relatório que fiz sobre regulação, acabou ficando claro como essas agências são em geral orientadas pelos aspectos econômicose não incluem em seus ordenamentos os princípios dos direitos humanos: acessibilidade, participação etc”.

Acesso para os mais pobres e proibição de corte de água – “Outro relatório foi sobre acessibilidade financeira, um tema que me parece muito central, porque a grande preocupação dos reguladores e dos prestadores dos serviços é que seja economicamente sustentável. E eu concordo com essa preocupação, porque quando isso não ocorre, o resultado é o sistema se deteriorar, além de não haver expansão; e os pobres, em geral, são os que sofrem. Mas associado a isso precisa haver o cuidado com a acessibilidade financeira. Existem algumas experiências interessantes no mundo sobre mecanismos para garantir o acesso. Aqui no Brasil há tarifa social em alguns estados, porém muitas vezes são mal aplicadas, com abrangência pequena e baixa capacidade de detectar quem realmente precisa. Alguns países estabelecem um mínimo vital gratuito, como África do Sul e Colômbia; e outros possuem subsídios. Existem muitos modelos e não há constatação de qual deles consegue focalizar as pessoas que precisam. Às vezes a intenção é boa, mas o resultado acaba perpetuando a exclusão dos que não podem pagar.

Associado a esse princípio tem a proibição do corte. A rigor, cortar água de quem não pode pagar é violação dos direitos humanos, então os países signatários deveriam ter uma lei que claramente proibisse o corte nesses casos. Quando aplicamos a lente analítica dos direitos humanos, podemos ressignificar melhor a área de saneamento e, com isso, enxergar mais as violações.

Penalidade para violadores – A expressão violação dos direitos humanos tem pelo menos duas dimensões: jurídica – quem viola tem que ser juridicamente penalizado e obrigado a cessar a violação e reparar os danos; e política, que me parece mais importante. Falar em violação de direitos humanos tem uma força que constrange e pode ajudar nas lutas na direção de uma visão mais social. A ONU não é homogênea, é um reflexo da geopolítica mundial, no entanto, o Conselho de Direitos Humanos, tradicionalmente, tem posturas muito progressistas.

Existe uma dinâmica chamada de revisão periódica universal, na qual todos os países são avaliados a cada cinco anos, quando é feita uma radiografia do desempenho de cada um quanto ao cumprimento dos direitos humanos. O que pode resultar dessas reuniões, que são abertas, é constrangimento. É muito difícil a ONU obrigar um país a remediar uma violação. Mesmo assim, a pressão internacional pode ter seu papel. Nesse período de um ano e meio, houve várias declarações da ONU contra o governo brasileiro, como em relação à Samarco, à Zica, à PEC do Teto e aos direitos indígenas.



Retrocesso no Brasil – O Brasil fez um esforço enorme de elaborar o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), que garantiria uma visão de 20 anos, e está engavetado. O governo trocou essa agenda pela da privatização e redução dos investimentos. Se olharmos os países em situação mais bem resolvida, que são os desenvolvidos, veremos que eles garantiram isso com décadas sequenciais, quase um século, de investimentos públicos contínuos.

Privatização à luz do direito – A discussão não é simples. O direito à água não prescreve o tipo de gestor, nem diz que se privatizar, necessariamente haverá violação. Tenho alguma experiência em pesquisar privatização, mas não como relator da ONU, que me revelam diferentes preocupações nos processos de privatização, inclusive de violação dos direitos humanos. De fato, a tendência internacional hoje é muito mais no sentido de remunicipalizar, de reestatizar. Alguns países estão indo no caminho da privatização e são situações mais particulares, como a China, que está abrindo mais o capital, ou países europeus submetidos à troika, num processo com reestruturações e reforma fiscal.

Dois anos atrás saiu uma publicação muito interessante, que fala de 180 experiências de remunicipalização recentes no mundo, países como França, Estados Unidos, Argentina, Bolívia, nações da Ásia. Alguns processos de privatização levam a retrocessos e a violações, como aumento do preço da água, recusa em expandir o sistema para populações mais pobres, baixa participação, informações opacas.


Da Casa Fluminense, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/01/2018




Autor: Casa Fluminense
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data de Publicação: 29/01/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/01/29/deixar-faltar-agua-e-esgotamento-sanitario-e-violacao-de-direitos-humanos-entrevista-com-leo-heller/

Macacos são aliados da saúde na luta contra a febre amarela

A febre amarela é uma doença que se mantém no ambiente, em um ciclo silvestre, e é transmitida por mosquitos. O macaco é importante, pois serve como indicador da presença do vírus em determinada região. É o que defende o pesquisador e presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia (SBP), Danilo Simonini Teixeira. “Esses animais estão sendo mortos por conta de medo da população humana em relação à transmissão do vírus, e isso não ocorre. Se você mata os animais, vai haver um prejuízo, pois a vigilância não vai ser feita por conta do óbito daquele animal por uma pessoa”.

Além disso, matar animais é crime ambiental previsto no artigo 29 da Lei n° 9.605/98. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida, pode gerar pena de seis meses a um ano de detenção, mais multa. No bioma da Mata Atlântica, onde incide a doença, encontram-se primatas ameaçados de extinção, entre eles, o Bugio, o Macaco-prego-de-crista, além do Muriqui do sul e do norte.

“É importante que a população tenha plena consciência de que os macacos não são responsáveis pela existência do vírus e nem por sua transmissão a humanos. Eles precisam ser protegidos. A morte desses animais traz enorme desequilíbrio ambiental, que não pode ser agravado pela ação do homem”, ressalta o diretor de Conservação e Manejo de Espécies do Ministério do Meio Ambiente, Ugo Vercillo. O vírus da febre amarela silvestre é transmitido por mosquitos (gêneros Haemagogus e Sabethes).

Caso a população encontre macacos mortos ou doentes, deve informar o mais rapidamente o serviço de saúde do município ou do estado onde vive ou pelo número de telefone 136. Uma vez identificados os eventos, o serviço de saúde avalia se ainda há a possibilidade de coleta de amostra para laboratório, se além desse animal que foi encontrado existem outros, se as populações de primatas da região ainda são visíveis e estão integrados, se foi uma morte isolada, ou se de fato é uma ocorrência que atingiu o maior número de primatas. Então o cidadão que estiver, por exemplo, em uma atividade de lazer ou trabalho na mata, e encontre o indício ou um macaco morto, deve avisar o mais rápido possível o serviço de saúde que vai tomar as medidas necessárias de vigilância de controle.

Além disso, é possível denunciar a matança ou maus tratos de macacos pela Linha Verde do Ibama (0800 61 8080). Na denúncia, podem ser encaminhadas fotos e vídeos que auxiliem na identificação do crime e de quem o cometeu, através do e-mail linhaverde.sede@ibama.gov.br.



Autor: Aline Czezacki
Fonte: Blog da Saúde
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data de Publicação: 26/01/2018
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/macacos-sao-aliados-da-saude-na-luta-contra-febre-amarela

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Especialistas investigam relação entre o surto de febre amarela e degradação ambiental



Foto EBC



ABr

Um grupo de especialistas de diferentes estados do Brasil está se articulando para investigar a relação entre o surto de febre amarela e a degradação do meio ambiente. Eles acreditam que se houvesse mais conhecimento sobre o assunto, a propagação repentina do vírus de tempos em tempos poderia ser prevenida.

O surto de febre amarela em Minas Gerais já provocou 38 mortes confirmadas em 2017, segundo o boletim epidemiológico mais recente da Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), divulgado na quinta-feira (24). Outros 45 óbitos estão em análise.

Causada por um vírus da família Flaviviridae, a febre amarela é uma doença de surtos que atinge, repentinamente, grupos de macacos e humanos. As razões deste comportamento da doença ainda não são bem conhecidas. Mas os especialistas dão como certa a influência do meio ambiente. Segundo Sérgio Lucena, primatólogo e professor de zoologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o surto de febre amarela é um fenômeno ecológico.

A doença é transmitida em áreas rurais e silvestres pelo mosquito Haemagogus. Em área urbana, ela pode ser transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo da dengue, do vírus Zika e da febre chikungunya. No entanto, não há registros no Brasil de transmissão da febre amarela em meios urbanos desde 1942. No surto atual, nenhum dos casos confirmados e suspeitos em Minas Gerais são urbanos.

Sérgio Lucena explica que o vírus da febre amarela está estabelecido em algumas matas e regiões silvestres com baixa ocorrência. De repente, por algum motivo ainda a ser desvendado, ele se propaga rapidamente, atingindo macacos e humanos. Os animais começam a morrer primeiro. “São sentinelas. Se o vírus começa a se propagar em determinada área, a morte dos macacos nos enviará um alerta”, explica.

Para o primatólogo, o Brasil poderia ter um sistema bem articulado para se antecipar aos surtos, mas não há investimentos neste sentido. Se houvesse mais conhecimento, Minas Gerais poderia, por exemplo, ter dado início mais cedo à campanha de vacinação nos municípios da área de risco, reduzindo a disseminação da doença. A vacina é a principal medida de combate à febre amarela.

Florestas

Na semana passada, especialistas que estudam a febre amarela sob a ótica do ecossistema se reuniram em Belo Horizonte em um seminário organizado pela Fundação Renova, ligada à mineradora Samarco. Na ocasião, eles fizeram uma revisão de tudo o que se sabe até o momento acerca do tema, com o objetivo de dar um primeiro passo para mudar o panorama.

Uma das hipóteses dos pesquisadores é que o desmatamento ao longo dos anos deixou as espécies de macacos em fragmentos muito pequenos de florestas, o que traz diversos desdobramentos. “Sistemas ecológicos empobrecidos podem favorecer o crescimento das populações de mosquitos. Mosquitos infectados encontrando populações grandes de macacos em pedaços de mata atlântica isolados podem ser a origem destes surtos”, alerta Sérgio Lucena.

Evidências científicas também dão a entender que florestas saudáveis, com elevada biodiversidade, dificultariam a proliferação dos vírus. Embora o surto não deixe de ocorrer, sua intensidade pode ser menor em um meio ambiente preservado. É o que explica Servio Ribeiro, biólogo e professor de ecologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Segundo o pesquisador, a cada surto, a população de macacos se reduz bastante e vai se recuperando devagar nos anos seguintes. “Um novo surto provavelmente acontece naquele momento em que o vírus encontra na natureza macacos com quantidade, condições e características genéticas favoráveis. E quando há muitos animais infectados, é fácil que a doença chegue aos humanos”, explica.

Uma floresta onde há maior disponibilidade de frutos e sombras e onde não há poluição faz com que os macacos se desenvolvam mais saudáveis e sem estresses, com um sistema imunológico mais eficiente, oferecendo mais resistência à doença. Servio Ribeira destaca que a genética também influencia.

“No período quando o vírus é raro, as populações de macacos se reproduzem sem essa pressão seletiva. Significa que, por um intervalo de anos, ser ou não ser resistente ao vírus da febre amarela, não é um fator que muda o sucesso reprodutivo dos macacos. Acontece que vivendo em pequenos fragmentos de florestas, sem corredores interligando as matas, essas populações crescem com parentes cruzando entre si. Desta forma, os indivíduos são muito parecidos geneticamente. Quando um vírus alcança um macaco de uma população sem diversidade genética ele rapidamente se dissemina.”

Por esta razão, a existência de corredores interligando as matas pode ajudar a conter a febre amarela. Através desses corredores, grupos de macacos podem se misturar. Os cruzamentos entre grupos distintos levariam à troca de genes e criariam populações com mais diversidade genética. Neste contexto, uma disseminação do vírus teria menor probabilidade de causar febre amarela em muitos macacos de uma só vez.

Tragédia de Mariana

Outras linhas de estudos voltadas para elucidar os motivos que levam ao início de cada surto buscam entender se as alterações nas áreas das florestas estão expondo as pessoas aos mosquitos infectados e se fatores climáticos favorecem o crescimento da população de mosquitos.

Por outro lado, Servio Ribeiro considera remota a possibilidade de influência da tragédia de Mariana (MG) neste surto de febre amarela em Minas Gerais. Alguns dos municípios afetados pela circulação da doença se localizam no Vale do Rio Doce. Uma parcela dos 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos que foram liberados no rompimento da barragem da mineradora Samarco, em novembro de 2015, escoou por todo o Rio Doce e chegou ao litoral do Espírito Santo.

“A febre amarela é uma doença de interior de floresta. O mosquito que a transmite põe ovos em cavidades de árvores e em bromélias. É um mosquito da estrutura da floresta. Ele não se relaciona muito com grandes corpos d’água e com rios. As cidades afetados pela doença estão em uma região onde os rejeitos não chegaram com força para derrubar a floresta”, diz o biólogo.

Para Servio Ribeiro, a hipótese teria mais força caso o surto tivesse ocorrido próximo à Mariana (MG) onde o impacto da tragédia foi mais agressivo e levou ao desmatamento. “No Vale do Rio Doce, esse rejeito se acumulou nas margens. Claro que há uma degradação. Mas esta degradação, pelos conhecimentos que temos, não deve estar afetando a relação entre os vetores e os macacos no interior da floresta”, acrescentou.

Espécies ameaçadas

De acordo com o boletim epidemiológico SES-MG, há 18 municípios com mortes de macacos em análise. Outros 70 registram rumores de óbitos entre os primatas. Para Sérgio Lucena, estes dados não dão a dimensão da mortandade dos animais. “Macacos estão morrendo em grande quantidade. Estive com uma equipe de pesquisadores na zona rural de Caratinga (MG). Andamos na mata, conversamos com pessoas e constatamos a alta mortalidade”, conta.

De acordo com o primatólogo, o fenômeno teve início em Minas Gerais, mas já ocorre com intensidade no Espírito Santo. A situação põe em risco espécies ameaçadas de extinção, como o muriqui. Os mais afetados, porém, são os bugios. Segundo Sérgio Lucena, estudos realizados durante o surto de 2009 no Rio Grande do Sul mostraram que populações de bugios foram reduzidas a 20%. “Enquanto sete pessoas faleceram naquele ano, cerca de 2 mil macacos foram a óbito”, afirma.

O pesquisador destaca que os bugios são justamente as maiores vítimas da febre amarela. “Eles são altamente suscetíveis à doença, diferente dos humanos. Na população humana, poucas pessoas desenvolvem um quadro grave e muitas infecções são assintomáticas. A pessoa nem fica sabendo que contraiu o vírus”, explica.

Uma preocupação que vem sendo apresentada pela secretaria de Saúde do estado diz respeito à violência contra macacos, registrada em alguns municípios. Isso porque há pessoas que acreditam que sacrificar os animais pode ajudar a evitar a doença em humanos. O órgão publicou em seu blog uma postagem para desmistificar essa ideia e esclarecer que os animais são, na verdade, aliados que ajudam a mapear a doença. “A infecção viral dura apenas três ou cinco dias. Depois os macacos morrem ou se tornam imunes. Sendo assim, as agressões atingem geralmente os animais sadios que não tiveram contato com o vírus ou que já estão imunizados e não oferecem risco”, acrescenta o texto.

Por Léo Rodrigues, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/01/2018

Autor: Léo Rodrigues
Fonte: Agência Brasil
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data de Publicação: 26/01/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/01/26/especialistas-investigam-relacao-entre-o-surto-de-febre-amarela-e-degradacao-ambiental-2/

Rio já tem 131 macacos mortos em todo o estado; 69% foram vítimas de ação humana

ABr

O estado do Rio de Janeiro já contabiliza 131 macacos mortos desde o início do ano. No entanto, a maioria das mortes não deve ter relação com o vírus da febre amarela. Do total, 69% registram sinais de ataques humanos, seja por meio de espancamento ou de envenenamento. É o que aponta a Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses (Subvisa) da prefeitura do Rio de Janeiro, órgão ao qual está vinculado o Instituto Jorge Vaitsman, que vem recebendo os animais recolhidos em todo o estado para necrópsia.







O balanço divulgado ontem (25) pelo órgão aponta ainda que 32 dos 131 macacos mortos foram encontrados na cidade do Rio de Janeiro. Os dados justificam a preocupação de órgãos ambientais com um desconhecimento de parte da população em relação à forma de transmissão da febre amarela. Na capital, o Parque Nacional da Tijuca vem realizando campanhas nas redes sociais para desmitificar a ideia de que, sacrificando os animais, pode-se evitar a doença em humanos.

Os macacos são aliados que ajudam a mapear a presença do vírus e não transmitem a febre amarela, que só é adquirida por meio da picada de um mosquito infectado. Segundo especialistas, a infecção nos animais dura entre três e cinco dias e, após esse período, eles morrem ou se tornam imunes. Dessa forma, as agressões atingem geralmente macacos sadios, que não tiveram contato com o vírus, ou que já estão imunizados.

Ante da situação, a Linha Verde, programa do Disque-Denúncia específico para delatar crimes ambientais no Rio de Janeiro, lançou uma campanha contra as agressões aos macacos. As denúncias podem ser feitas por meio dos telefones 2253-1177 (para chamadas na capital) e 0300-253-1177 (interior do estado, custo de ligação local) ou por aplicativo para celulares (https//play.google.com/store/apps/details?id=br.org.disquedenuncia&hl=pt_BR) . De acordo com a legislação ambiental, matar animal silvestre é crime e o autor pode ser condenado a uma pena de seis meses a um ano de detenção, além de multa.

Transmissão

A febre amarela é uma doença de surto que atinge grupos de macacos e humanos e é causada por um vírus da família Flaviviridae. Em áreas rurais e silvestres, ela é transmitida pelo mosquito Haemagogus. Em área urbana, pode ser transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo da dengue, zika e chikungunya. No entanto, não há registros no Brasil de transmissão da febre amarela em meios urbanos desde 1942.

De acordo com boletim divulgado hoje pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, casos já foram registrados em nove municípios fluminenses. Ao todo, 25 pessoas contraíram a doença no estado e oito morreram. A vacina, disponibilizada gratuitamente à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é o principal meio de combate à doença.

Por Léo Rodrigues, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/01/2018

Autor: Léo Rodrigues
Fonte: Agência Brasil
Sítio Online da Publicação: EcoDebate,
Data de Publicação: 26/01/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/01/26/rio-ja-tem-131-macacos-mortos-em-todo-o-estado-69-foram-vitimas-de-acao-humana/

Disque Denúncia do RJ faz campanha contra contra o ataque a macacos



Banner da campanha do Disque Denúncia alerta que matar macacos é crime ambiental

ABr

O Linha Verde, programa do Disque-Denúncia específico para delatar crimes ambientais, lançou uma campanha contra o ataque a macacos no Rio de Janeiro, depois da morte de 118 primatas apenas este ano. Os animais são hospedeiros da febre amarela silvestre, e apesar de não transmitirem a doença, estão sendo atacados pela população.

Quem souber de algum episódio de morte ou agressão a macacos deve entrar em contato pelos telefones 2253-1177 (para chamadas na capital), 0300-253-1177 (interior do estado, custo de ligação local) ou pelo aplicativo para celulares do Disque-Denúncia RJ, onde é possível enviar fotos e vídeos, sempre com a garantia do anonimato.

As denúncias recebidas pelo Linha Verde serão encaminhadas ao Comando de Polícia Ambiental e à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente.

Dos 118 macacos mortos este ano no Rio de Janeiro, mais da metade sofreram espancamento ou envenenamento, segundo a Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde.

Por Douglas Corrêa, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/01/2018

Autor: Douglas Corrêa
Fonte: Agência Brasil
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data de Publicação: 26/01/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/01/26/disque-denuncia-do-rj-faz-campanha-contra-contra-o-ataque-macacos/

Jovens criam telha ecológica a partir de fibra de coco, papel reciclado e embalagem Tetra Pak




No intervalo de suas aulas do curso de Administração na Escola Técnica Estadual (Etec) Heliópolis, na capital paulista, a estudante Keylla Oliveira teve uma ideia genial. Ao observar caixas de leite em embalagens Tetra Pak – vazias e prontas para serem jogadas no lixo -, a jovem pensou em dar um uso melhor a elas: transformá-las em telhas ecológicas.

Ao lado dos colegas Danielli Santos e Eduardo Correia, Keylla fez do insight o projeto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Pouca gente sabe, mas embalagens Tetra Pak dependem de um processo de reciclagem complexo para serem reaproveitadas. Elas são feitas de três materiais diferentes: camadas de papel, alumínio e polietileno. Para separá-las o trabalho é maior, e por isso, muitas cooperativas de catadores simplesmente as descartam (veja nesta outra matéria as piores embalagens para serem recicladas).

O objetivo dos estudantes foi usar as caixas Tetra Pak para desenvolver um produto barato para facilitar as chamadas construções sociais (casas de baixo custo) e ainda, reduzir os impactos ambientais do descarte desnecessário de resíduos.

“Adicionamos papel reciclável e a manta térmica de alumínio da embalagem, que age expelindo o calor em dias quentes e o retendo em dias frios”, explica Keylla.

Mas não era suficiente. “Faltava só a inovação, que veio com a fibra vegetal extraída do coco. Ela serve como ótimo isolante acústico”, conta a estudante.



A telha sustentável feita com embalagem Tetra Pak e fibra de coco

A telha ecológica já foi aprovada por especialistas do setor. “Elas são mais resistentes, suportam uma carga de 150 quilos por metro quadrado e são aproximadamente 15 quilos mais leves em comparação com as convencionais”, atesta o engenheiro civil Danilo Murja. “Comparando com as telhas de amianto, ambas possuem uma vida útil de aproximadamente 25 anos, mas a ecológica é uma solução mais sustentável e extremamente interessante”.

O projeto “Telha Ecológica de Fibra de Coco” foi um dos finalistas, entre mais de 800 inscritos, do prêmio da 11ª Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (FEBRACE) 2017.

Depois do produto pronto, Keylla, Danielli e Eduardo ainda realizaram uma pesquisa de campo para avaliar a futura aceitação no mercado da telha de biofibra. A grande maioria dos entrevistados revelou que compraria essa alternativa, já que “priorizam produtos que reduzam impactos e o preço condiz com o valor que eles estariam dispostos a pagar”.

Atualmente, a construção civil no Brasil gera 50% dos resíduos sólidos do país. Estima-se que o brasileiro produza, em média, meia tonelada de resíduos de construção por ano.

Segundo a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição (Abrecon), o desperdício com este material, que poderia ser reciclado, chega a 8 bilhões de reais anualmente.

Mas ideias simples, como a dos três estudantes da escola paulistana, podem ajudar a diminuir estes números, além da contribuir para a redução do volume de lixo despejado em aterros sanitários.

Autor: Suzana Camargo
Fonte: conexaoplaneta
Sítio Online da Publicação: conexaoplaneta
Data de Publicação: 25/01/2018
Publicação Original: http://conexaoplaneta.com.br/blog/jovens-criam-telha-ecologica-partir-de-fibra-de-coco-papel-reciclado-e-embalagem-tetra-pak/

Como acabar com mosquitos de maneira natural

Eliminar água parada no quintal é um primeiro passo para acabar com os mosquitos. Confira outros

Como acabar com mosquitos? Com certeza é uma pergunta feita pela maioria dos brasileiros. Afinal de contas os mosquitos são insetos muito presentes em nosso dia a dia. Os mosquitos são conhecidos pela perturbação que causam ao sono e pelo desconforto causado por suas picadas. Sem falar naquele zumbido no ouvido enquanto estamos dormindo ou então a coceira interminável. Dependendo da pessoa, os mosquitos podem provocar alergia e inchaço a ponto de por vezes levar o indivíduo a necessitar de uma visita ao hospital. Estamos falando da muriçoca, meruçoca, muruçoca, carapanã, fincão, fincudo, melga, sovela, perereca, bicuda, termos gerais para designar uma subordem de insetos, que inclui os mosquitos ou pernilongos, intrusos em nossas residências e jardins que rondam nossas cabeças e plantas.

O perigo maior é que os mosquitos podem nos infectar com vírus e levar ao desenvolvimento de doenças. Por esses motivos, é bom que os humanos preservem distância destes insetos. No entanto, a alternativa pouco sustentável de muitos é utilizar inseticidas convencionais, que podem prejudicar a saúde e contaminar o ar com seus componentes químicos, muitos deles considerados tóxicos. Em vez disso, curta abaixo algumas dicas sustentáveis sobre como acabar com mosquitos; mantê-los longe da sua casa e quintal, sem poluição com componentes químicos nocivos.

A maneira mais eficiente para acabar com mosquitos em volta de sua residência é eliminando qualquer tipo de água parada - ambiente propício para que os mosquitos depositem seus ovos. Verifique o seu quintal para se certificar de que não há água parada em vasos ou quaisquer outros recipientes de jardim.
Caso você tenha um banheira para pássaros no jardim, troque a água pelo menos uma vez por semana, para evitar a água parada e o surgimento de mosquitos e outros insetos.
Limpar os restos de calhas de chuva e desentupir todas as calhas obstruídas é uma maneira de evitar os mosquitos. Isso porque calhas entupidas são locais usualmente negligenciados como local potencial para reprodução de mosquitos.
Durante o dia, os pernilongos machos gostam de habitar espaços que possuam vegetação densa; e a noite as fêmeas saem em busca de alimento (sangue humano). Para proteger seu jardim, apare as sebes (cercas vivas feitas com plantas espinhosas) e remova ervas daninhas altas. Isso provavelmente contribuirá para a redução da população de mosquitos.
Se você tem telas em suas janelas, certifique-se de que elas não possuem quaisquer buracos pelos quais os mosquitos possam esgueirar-se através. Mesmo se forem pequenos, pelo tamanho dos insetos, por vezes conseguem passar.
Mosquitos são atraídos por fragrâncias frutais ou florais, umidade e roupa escura. Evite! (pricipalmente no verão).
Maior cuidado ao nascer e pôr do sol, ocasiões em que estes insetos são mais ativos. Portanto, nesses momentos evite estar próximo a águas paradas, jardins, plantas, ou seja, lugares propícios ao surgimento de mosquitos. Não havendo opção, procure vestir camisetas de mangas compridas e calças para se proteger; e feche as janelas se possível.
Os mosquitos naturalmente evitam certos tipos de ervas, especialmente a sálvia, o alecrim, o neem, a citronela e o eucalipto.
Pressione empresas e governos para contribuirem com a manutenção da biodiversidade; pois a superpopulação de mosquitos nas cidades é devido à falta de predadores naturais.


INFORMAÇÃO IMPORTANTE: Segundo a Anvisa, apenas repelentes com químicos à base de icaridina são eficazes contra o Aedes aegypti (transmissor de dengue, zika e chikungunya). Os repelentes à base de neem, citronela e andiroba não contêm esse princípio ativo.

Repelente caseiro para mosquitos

O óleo essencial de eucalipto é uma excelente alternativa natural para acabar com mosquitos. Para utilizá-lo de maneira eficaz é preciso um difusor elétrico e de um óleo carreador para aplicação na pele.


No difusor você pode utilizar quantas gotas preferir, mas o indicado é cinco gotas para cada quatro horas.

Para fazer o repelente caseiro para mosquitos você precisará, além do óleo essencial de eucalipto, de um óleo carreador, normalmente o óleo de coco exerce essa função. Então para cada colher de sopa rasa de óleo de coco adicione três gotas de óleo essencial de eucalipto; misture bem e faça o teste de alergia na parte interna do antebraço; caso apresente irritação, suspenda o uso e retire a mistura aplicada com auxílio de um algodão e algum óleo vegetal neutro como o próprio óleo de coco, óleo de girassol, óleo de semente de uva ou outro óleo vegetal que você sabe que não tem irritação. Caso não apresente alergia à mistura de óleo de coco e óleo essencial de eucalipto basta espalhar o repelente caseiro pelo corpo. Pronto! O repelente caseiro para mosquitos que você fez atuará em conjunto com o difusor para acabar com os mosquitos da sua casa.


Autor: ecycle
Fonte: ecycle
Sítio Online da Publicação: ecycle
Data de Publicação: 25/01/2018
Publicação Original: https://www.ecycle.com.br/1860-mosquito

MAPA DA DESIGUALDADE – 23 indicadores sobre sete temas-chave da realidade metropolitana do Rio de Janeiro


O Mapa da Desigualdade agrega 23 indicadores sobre sete temas-chave da realidade metropolitana do Rio de Janeiro: Mobilidade, Mercado de trabalho, Pobreza & Renda, Educação, Segurança Pública & Cidadã, Saúde e Saneamento Básico. Os dados são atualizados de acordo com a publicação mais recente por fontes oficiais.

A visualização na forma de mapas ilustrados mostra os diferentes padrões de vida dos 12 milhões de residentes nos 21 municípios que compõem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). Um dos propósitos deste exercício é promover um olhar metropolitano para questões transversais e entender a situação de cada cidade neste cenário.

Com isso, a Casa Fluminense busca preencher uma lacuna em termos de difusão de informações públicas. Ampliar o alcance do conhecimento sobre os territórios e facilitar a assimilação dos dados disponíveis ajuda a qualificar o debate. O aprofundamento da democracia, a promoção da igualdade territorial e o horizonte do desenvolvimento sustentável são as metas.



Aproprie-se!


MOBILIDADE URBANA
Mapa 1 – Pessoas que gastam mais de uma hora para ir de casa até o trabalho

Uso do tempo com o deslocamento casa-trabalho. Percentual da população residente ocupada que leva, em média, mais de uma hora para chegar até o local de trabalho, independente do(s) modal(is) utilizado(s). Fonte dos dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo de 2010.
Mapa 2 – Pessoas que trabalham fora do município onde moram

Pendularidade. Percentual da população residente ocupada que trabalha em outro município e volta para casa diariamente. Fonte dos dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo de 2010.
Mapa 3 – Pessoas que trabalham no município do Rio de Janeiro

Centralidade da capital. Percentual da população residente ocupada que trabalha no município do Rio de Janeiro e volta para a casa diariamente. Fonte dos dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo de 2010.
MERCADO DE TRABALHO
Mapa 4 – Pessoas que trabalham sem registro formal

Taxa de informalidade. Percentual da população com idade para trabalhar (15 a 70 anos), residente no município, que está ocupada sem carteira assinada ou trabalha por conta-própria, sem registro formal. Fonte dos dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo de 2010.
Mapa 5 – Pessoas desempregadas, procurando trabalho

Taxa de desemprego ou taxa de desocupação. Percentual da população com idade para trabalhar (15 a 70 anos), residente no município, que se encontra desempregada (mercados formal e informal) e alega estar procurando trabalho. Fonte dos dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo de 2010.
Mapa 6 – Pessoas que não participam do mercado de trabalho

Taxa de participação no mercado de trabalho ou taxa de inatividade. Percentual da população, com idade para trabalhar (15 a 70 anos), residente no município, que não está ocupada em nenhum tipo de trabalho remunerado e alega não estar à procura de trabalho. Fonte dos dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo de 2010.
POBREZA & RENDA
Mapa 7 – Renda média mensal por pessoa

Renda domiciliar per capita. Total da renda auferida mensalmente por uma família residente no município, dividido pelo número de membros. Fonte dos dados: Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), data-base: dezembro de 2015.
Mapa 8 – Pessoas que vivem com até R$ 140 reais por mês

Taxa de pobreza, vulnerabilidade. Percentual da população residente no município, que vivia com até R$ 140 mensais, em 2010. Fonte dos dados: Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), organizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Atlas Brasil, publicado em 2013.
Mapa 9 – Pessoas que vivem com até R$ 70 reais por mês

Taxa de pobreza extrema, indigência. Percentual da população residente no município, que vivia com até R$ 70 mensais, em 2010. Fonte dos dados: Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), organizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Atlas Brasil, publicado em 2013.
EDUCAÇÃO
Mapa 10 – Crianças de até 3 anos matriculadas na creche

Acesso à Creche. Percentual da população de 0 a 3 anos de idade, residente no município, que estava frequentando a escola em qualquer nível ou série. Fonte dos dados: Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), organizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Atlas Brasil, publicado em 2013.
Mapa 11 – Crianças de 4 e 5 anos na pré-escola

Acesso à pré-escola. Percentual da população de 4 a 5 anos de idade, residente no município, que estava frequentando a escola em qualquer nível ou série. Fontes dos dados: Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Atlas Brasil, publicado em 2013.
Mapa 12 – Crianças e adolescentes fora da escola, entre 6 e 14 anos

Taxa de Evasão Escolar. Percentual da população entre 6 e 14 anos de idade, residente no município, que não estava frequentando a escola, em qualquer nível ou série. Fonte dos dados: Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), organizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Atlas Brasil, publicado em 2013.
Mapa 13 – Pessoas maiores de 18 anos com ensino médio completo

Escolaridade e capacitação. Percentual da população de 18 anos ou mais de idade, residente no município, que concluiu o ensino médio, em quaisquer de suas modalidades (regular seriado, não seriado, EJA ou supletivo). Fonte dos dados: Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), organizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Atlas Brasil, publicado em 2013.
Mapa 14 – Nota média no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)

Qualidade do Ensino. Média entre os resultados das séries iniciais e finais das escolas públicas localizadas no município. O IDEB 2013 foi calculado a partir do desempenho obtido pelos alunos que participaram da Prova Brasil/Saeb 2015 e das taxas de aprovação, calculadas com base nas informações prestadas ao Censo Escolar 2015. Fonte dos dados: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do Ministério da Educação (MEC), ano-base: 2013.
SEGURANÇA PÚBLICA E CIDADÃ
Mapa 15 – Taxa de homicídios, a cada 100 mil habitantes (letalidade violenta)

Letalidade violenta. Corresponde ao somatório do número de homicídio doloso, roubo seguido de morte (latrocínio), lesão corporal seguida de morte e homicídio proveniente de oposição à intervenção policial, dividido pela população residente. Multiplica-se por 100 mil para obter a taxa comparável. Fonte de dados: Portal do Instituto de Segurança Pública (ISP), vinculado à Secretaria de Segurança Pública do governo do estado do Rio de Janeiro, ano-base 2016.
Mapa 16 – Taxa de homicídios de jovens negros, a cada 100 mil habitantes

Violência contra a juventude negra. Número de homicídios dolosos de jovens (15 a 29 anos) negros (pretos e pardos) ocorridos no município dividido pelo total de jovens negros residentes no município. Multiplica-se por 100 mil para obter a taxa comparável. Fonte de dados: Mapa da violência 2014, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, Flacso-Brasil, ano-base: 2012.
Mapa 17 – Mortes decorrentes de intervenção policial, taxa por 100 mil habitantes

Autos de resistência. Número de homicídios cometidos por policiais no município, dividido pela população residente. Multiplica-se por 100 mil para obter a taxa comparável. Fonte de dados: Portal do Instituto de Segurança Pública (ISP), vinculado à secretaria de segurança pública do governo do estado do Rio de Janeiro, ano-base: 2016.
SAÚDE
Mapa 18 – Expectativa de vida, medida em anos

Esperança de vida ao nascer. Número médio de anos que a população residente no município deverá alcançar, levando-se em conta o nível e o padrão de mortalidade por idade, prevalecentes no Censo de 2010, do IBGE. Fonte de dados: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), através do Atlas Brasil, lançado em 2013.
Mapa 19 – Gravidez na adolescência, 15 a 17 anos

Percentual de mulheres, de 15 a 17 anos de idade, residentes no município, que já tiveram filho. Fonte dos dados: Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), organizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Atlas Brasil, lançado em 2013.
Mapa 20 – Mortalidade infantil, a cada mil nascimentos

Taxa de mortalidade até um ano de idade. Número médio de crianças que não sobrevivem ao primeiro ano de vida em cada 1.000 crianças nascidas vivas, levando-se em conta o nível e o padrão de mortalidade infantil, prevalecentes no Censo de 2010, do IBGE. Fonte de dados: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), através do Atlas Brasil, lançado em 2013.
SANEAMENTO BÁSICO
Mapa 21 – Pessoas atendidas por serviço de esgotamento sanitário

Coleta de esgoto. Percentual da população total residente no município cuja residência está conectada a redes de esgoto, sendo atendida com esgotamento sanitário pelo prestador de serviços. Fonte de dados: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), vinculado ao Ministério das Cidades (MCidades), ano-base: 2014.
Mapa 22 – Pessoas atendidas por rede de água

Abastecimento de água. Percentual da população total residente no município cuja residência está conectada a economias ativas de água, sendo atendida pelo prestador de serviços. Fonte de dados: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), vinculado ao Ministério das Cidades (MCidades), ano-base: 2014.
Mapa 23 – Pessoas atendidas por serviço de coleta de lixo

Resíduos Sólidos. Percentual da população total residente no município que é atendida pelas distintas formas de coleta e destinação final do lixo. Fonte de dados: As informações são produzidas pelo IBGE e organizadas no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), vinculado ao Ministério das Cidades (MCidades), ano-base: 2014.

*A Casa Fluminense é um espaço permanente para a construção coletiva de políticas e ações públicas por um Rio mais justo, democrático e sustentável.

Da Casa Fluminense, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/01/2018

Autor: Casa Fluminense
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data de Publicação: 25/01/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/01/25/mapa-da-desigualdade-23-indicadores-sobre-sete-temas-chave-da-realidade-metropolitana-do-rio-de-janeiro/

Em 2018, 118 macacos morreram no estado do Rio de Janeiro; Em 52% dos casos, os primatas foram mortos por espancamento ou envenenamento


Até o final da manhã de ontem (24), 118 macacos mortos este ano no estado do Rio de Janeiro foram levados para necrópsia no Instituto de Diagnóstico, Vigilância, Fiscalização Sanitária e Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, na zona norte da capital fluminense.
Em 52% dos casos, os primatas foram mortos por espancamento ou envenenamento, informou a subsecretária de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, Márcia Rolim.
Em janeiro do ano passado, o instituto recebeu 14 corpos de macacos. Somente na manhã desta quarta-feira, o órgão responsável pela necrópsia dos primatas recebeu para análise 14 animais. Em 2017, foram mais de 600 macacos mortos encaminhados para o Jorge Vaitsman.
“Quero sensibilizar a população sobre a violência contra essa espécie. Nunca vi um massacre desses. A população ainda não entendeu que não é o macaco que transmite o vírus da febre amarela para o homem e está agredindo os animais”, disse Márcia.
Os macacos também são vítimas da doença. O vírus é transmitido pela picada de mosquitos silvestres.
A subsecretária informou que o instituto está recebendo macacos com traumatismo craniano, vísceras rompidas ou envenenados por chumbinho, veneno usado contra ratos. São sagüis, bugios, macaco-prego e até mico-leão-dourado, espécie ameaçada de extinção.
“As pessoas que estão agredindo os macacos estão facilitando a entrada do vírus no município do Rio que não tem caso de febre amarela. Porque eu perco o monitoramento dessas espécies pois eles representam um alerta para as autoridades de que o vírus está presente naquela área. O macaco é considerado um sentinela. A partir do momento em que eu começo a dizimar essas espécies, eu perco essa referência”, afirmou Márcia.
Ela lembra que matar os primatas é passível de punição por ser considerado crime ambiental com pena de seis meses a um ano de detenção mais multa.
“Quero fazer esse alerta à sociedade que ela deve reforçar a proteção aos primatas e evitar maus-tratos e violência. Não vamos controlar a febre amarela matando macacos. Este não é o caminho”, completou a subsecretária.

Por Ana Cristina Campos, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/01/2018

Autor: Ana Cristina Campos
Fonte: Agência Brasil
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data de Publicação: 25/01/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/01/25/em-2018-118-macacos-morreram-no-estado-do-rio-de-janeiro-em-52-dos-casos-os-primatas-foram-mortos-por-espancamento-ou-envenenamento/

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Parceria internacional no combate à malária




Por: Graça Portela (Icict/Fiocruz)


Os anos voaram desde aquele 1910, quando o sanitarista Oswaldo Cruz esteve na região amazônica lutando para reduzir o número de casos de malária, que cercavam os trabalhadores da estrada de ferro Madeira-Mamoré (AM), como mostrado no documentário Oswaldo Cruz na Amazônia, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz:



Em 2017, as armas são outras – entram em cena, para complementar o trabalho preventivo de saúde e o saneamento básico na fronteira entre o Amapá e a Guiana Francesa, imagens de satélite com informações sobre o uso do solo, as zonas úmidas, as áreas construídas, e potencialmente sobre o nível da água que podem ajudar os gestores locais, pesquisadores e população a combater a malária. Para isso, foi criado em 2015, o sítio sentinela Transfronteiriço, uma parceria entre o Observatório Nacional de Clima e Saúde, do Icict/Fiocruz e o Institut de Recherche pour Le Développement – IRD, uma iniciativa que une dois países – Brasil e França – na luta contra a malária, doença transmitida pela fêmea infectada do mosquito do gênero Anopheles.

O sítio sentinela Transfronteiriço compreende a cidade de Oiapoque pelo lado brasileiro, e Saint-Georges-de-L´Oyapock, Camopi e Ouanary, pela Guiana Francesa. Para Christovam Barcellos, vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico/Icict/Fiocruz, coordenador do Observatório e responsável pelos estudos da parte brasileira do projeto, o sítio Transfronteiriço Amapá-Guiana Francesa reúne condições para que se desenvolvam estudos sobre a dinâmica de malária na região amazônica e apresenta diversos desafios, como a necessidade de compatibilização de dados de dois países com modelos de notificação de casos e sistemas de saúde diferentes, uma grande mobilidade da população e seu relativo isolamento geográfico. "Estes desafios representam oportunidades de desenvolvimento de tecnologias e metodologias inéditas para a análise de situações de saúde”, afirma.

“A dimensão transfronteiriça deste sítio sentinela é primordial”, fala o representante da França, Emmanuel Roux, da unidade de pesquisa Espace pour le Développement - (ESPACE-DEV) e co-diretor do LMI Sentinela (Observatório Transfronteiriço do Meio Ambiente, do Clima e das Doenças Vetoriais), ambos do IRD. Para ele, “é necessário construir, manter e fortalecer uma parceria multidisciplinar, tanto em termos de pesquisa como de políticas públicas e de ações operacionais para controlar a doença em diferentes escalas”. O pesquisador francês se refere aos atores locais, que vivem na e/ou trabalhando sobre a área transfronteiriça, e que estão em contato direto com as populações da região; às redes nacionais e racionalização das ações dos diferentes parceiros nacionais em relação à zona transfronteiriça e suas populações; e internacional, que permitirá o desenvolvimento de referenciais comuns e, consequentemente, “uma visão compartilhada e unificada da área, o que é um pré-requisito para uma melhor compreensão da situação e a definição de ações de controle coordenadas e direcionadas”.

Para os pesquisadores do Amapá, o sítio sentinela Fronteiriço veio em boa hora, como explica a professora Margarete Gomes, coordenadora brasileira do projeto GAPAM-Sentinela (Guiana Francesa-Amapá-Amazonas-Malária: Sítio Sentinela do Observatório Nacional de Clima e Saúde na Fronteira, no âmbito do programa franco-brasileiro Guyamazon): “O sítio representa um grande avanço, pois, no contexto transfronteiriço é preciso um olhar diferenciado sobre os mecanismos de transmissão da malária, e as estratégias de prevenção e de controle a serem colocadas em prática”, explica. Para Gomes, isto só poderá ser alcançado por meio de estudos multilaterais, interdisciplinares e multiescalares, integrando os pontos de vista epidemiológico, entomológico, sociodemográfico, ambiental, comportamental, e de percepção do risco. “Este convênio contemplando o sítio sentinela Fronteiriço (Guiana Francesa/Amapá) vem ao encontro dessa visão”, explica.

Malária em números

As mudanças climáticas têm forte impacto nos processos climáticos das doenças causadas por vetores, causando incidências maiores no verão (como é o caso da dengue) ou em período de estiagem (como a malária na região amazônica), por exemplo. Segundo Paulo Peiter, pesquisador do Laboratório de Doenças Parasitárias, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC)/Fiocruz, a malária é uma doença altamente condicionada pelas variáveis climáticas. Segundo ele, “com uma sazonalidade influenciada pela pluviosidade, pela temperatura, pelo comportamento hidrológico nas regiões tropicais e subtropicais, mudanças de padrões climáticos como estamos observando nas últimas décadas com períodos de seca incomuns na Amazônia ou grandes cheias, acabam influenciando também os padrões de ocorrência da malária”, explica.

No Brasil, a malária pode ser provocada pelos protozoários do gênero Plasmodium: Plasmodium vivax, P. falciparum e P. malariae. A maioria dos casos está concentrada na região Amazônica, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que quase metade da população mundial (cerca de 3,2 bilhões de pessoas) vivam em áreas de risco para a doença. Apenas nas Américas (Sul, Norte e Central), a Organização considera que “aproximadamente 128 milhões de pessoas estejam nesta situação”. Dados do World Malaria Report 2017 mostram que, em 2016, ocorreram em todo o mundo 445 mil mortes por malária, uma ligeira redução em relação a 2015 (446 mil).

A Guiana Francesa e Brasil possuem planos de eliminação da malária. No caso brasileiro, o plano existe desde 2015 e é do Ministério da Saúde. Já o da Guiana Francesa é um plano de pré-eliminação da malária até 2018, coordenado pela Agência Regional de Saúde (ARS).

Dados do SIVEP-Malária/Ministério da Saúde brasileiro apontam que, de 2010 a 2015, ocorreram 1. 291.503 casos da doença em todo o país. O que chama a atenção para a região Amazônica – área endêmica da malária – é o número de casos considerados autóctones, nos quais a transmissão ocorreu no local, em comparação com os casos importados (pessoas que se infectaram em outros países, mais comuns em outras regiões do Brasil). Conforme dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária (Sivep-Malária)/MS, entre 2015 e 2017 os números saltaram de 105.057 para 191.877 casos até dezembro de 2017, um aumento de 83%. Os dados de 2017 são preliminares, podendo sofrer alterações para mais ou para menos.



Realidade bilíngue

Outro fator importante é a vulnerabilidade de uma região de fronteira para a transmissão de doenças devido a elevada mobilidade populacional transfronteiriça.

O risco é grande para milhares de brasileiros que cruzam o rio Oiapoque, através das catraias (embarcações locais) em busca de trabalho e um salário melhor no país vizinho. Para se ter uma ideia, o salário mínimo da Guiana Francesa é de 1.498,50 euros (aproximadamente 5.930 reais pelo câmbio atual) – quase seis vezes o salário mínimo brasileiro.

Sem falar no fluxo de garimpeiros brasileiros, vindo de várias regiões do Brasil – em especial do Maranhão e do Pará – que “entram ilegalmente na Guiana Francesa na busca do ouro de aluvião”, explica Peiter. Para o pesquisador do IOC a situação é complexa: “pela sua condição de ilegalidade, eles tornam-se invisíveis aos sistemas de saúde de ambos países prejudicando o controle da doença, pois a atividade que exercem, o seu modo de vida, os tornam altamente vulneráveis à malária. Nesse sentido, o controle da malária na fronteira Brasil-Guiana Francesa é muito dependente do controle da atividade do garimpo na Guiana e no Suriname, país também fronteiriço.” Peiter também chama a atenção para outro grupo predominante na região: os indígenas. “Observa-se alta incidência de malária nas populações indígenas que vivem nas reservas localizadas na zona de fronteira brasileira; com parentes em ambos lados da fronteira, essa população circula entre os países demandando um controle integrado da doença, ou seja um controle binacional, ou trinacional (Brasil, Guiana Francesa e Suriname)”, afirma.

Dos dois lados

Entre os anos de 2015 e 2017, o estado do Amapá apresentou um crescimento de 25% nos casos notificados:



Ao olharmos os dados de algumas cidades do Amapá, podemos observar como a doença se comportou, em especial em Oiapoque, município estudado pelo sítio sentinela Transfronteiriço:



A capital do Amapá concentra um grande número de casos de internação, pois muitas pessoas convergem para Macapá em função de a cidade apresentar melhor infraestrutura de atendimento à saúde. O número de casos notificados de malária no município de Oiapoque foi de 909 entre 2015 e 2017.

Na Guiana Francesa, os casos de malária vêm caindo, como mostra o gráfico abaixo extraído do boletim Le Point Epidêmico (número 1, de 2017), da CIRE-Guyane, sobre a Guiana Francesa.



Os pesquisadores apontam que houve uma redução nos casos de malária na fronteira binacional nos últimos anos, “devido às ações de controle dos garimpos na Guiana Francesa”, explica Paulo Peiter. Mas, ele defende que não se deve relaxar: “a malária é uma doença que exige vigilância constante, pois a experiência nos mostra que quando a transmissão diminui e o número de casos cai, há uma tendência de relaxamento da vigilância o que acaba permitindo o retorno posterior da doença.” Peiter destaca também que um dos objetivos do Sítio Sentinela será justamente contribuir para uma vigilância permanente, mesmo nas fases de redução da transmissão da malária, “possibilitando a emissão de alertas oportunos quando se observarem o retorno de condições favoráveis ao surgimento de novos surtos ou epidemias”, afirma.

O intercâmbio

Pela parte do Sítio Sentinela, alguns dados já foram colhidos e estão sendo tratados para o uso pelos diversos parceiros que integram o projeto binacional, como é o caso dos dados epidemiológicos individuais relacionados à malária de ambos os lados da fronteira; os dados entomológicos da região transfronteiriça – aqueles que tratam da presença de vetores da malária; dos dados sobre o uso do solo e indicadores espaciais baseados na paisagem, utilizando sensoriamento remoto, além dos dados sociodemográficos das duas regiões. Os pesquisadores têm se reunido com frequência: “já temos um esboço preliminar de um sistema de monitoramento da malária na zona de fronteira. Além disso, têm sido incentivados estudos sobre a dinâmica de malária na região, com participação de todos os parceiros”, diz Christovam Barcellos.

São inúmeros os parceiros da iniciativa do Observatório e do IRD, como a Universidade Federal do Amapá, a Secretaria Estadual de Saúde do Amapá, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, o Instituto Pasteur da Guiana Francesa, a Superintendência de Vigilância em Saúde do Amapá (SVS-AP), o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (EPA), o Campus Binacional da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP-Oiapoque), a Universidade de Brasília, IOC/Fiocruz, dentre outros.

Recentemente, como uma das inúmeras atividades que já estão sendo realizadas na região, foi feita uma oficina de capacitação dos agentes de saúde locais (do Brasil e da Guiana Francesa), para a utilização de técnicas de geolocalização, definição de áreas de risco e pontos estratégicos para a saúde utilizando GPS e imagens de satélite fornecidas pelos parceiros franceses do IRD.

Margarete Gomes ressalta que o sítio sentinela não se restringe a uma coleta de dados. Ela destaca que inúmeras iniciativas estão sendo realizadas e que, em Oiapoque, onde as atividades estão mais adiantadas, os resultados “vão muito além da questão local, tanto para o Brasil, como para o lado francês”, explica a professora – “com a capacitação técnica de agentes de saúde e de endemias locais em Oiapoque e profissionais de Saúde de Saint-Georges-de-L´Oyapock sobre geolocalização, mapas e saúde, e ainda a formação de capital intelectual”. Margarete Gomes se refere aos três mestrados, três doutorados e um pós-doutorado no âmbito do projeto do Observatório. Ela também destaca que houve “produção de conhecimentos sobre a temática com três artigos publicados, sete resumos científicos e cinco palestras proferidas. E, a formação de uma rede de trabalho entre 28 pesquisadores, envolvendo nove instituições franco-brasileiras”, finaliza.

Para Emmanuel Roux, o Sítio Sentinela Transfronteiriço é uma ferramenta de pesquisa e cooperação internacional “para contribuir com a eliminação da malária na região, mas também, idealmente, em outras regiões transfronteiriças do mundo”. Ele afirma que, além de contribuir para os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, o sítio sentinela ajudará a demonstrar “a viabilidade e a generalidade das abordagens, métodos e ferramentas propostos, para poder replicá-los em outros contextos transfronteiriços – adaptando-os, se necessário – para o controle de outras transmitidas por vetores”.

“A ideia é que a base de dados (do sítio sentinela) – a partir das capacidades técnicas e comunitárias locais – seja utilizada como ferramenta de comunicação, informação e gestão”, afirma Paulo Peiter. Para Margarete Gomes, “estamos caminhando para a implantação e posterior uso dos dados de forma processual, com a realização de diversas atividades”, afirma a professora. As atividades a que ela se refere são os seminários técnico-científicos de qualificação das informações; a construção de técnicas de padrões cartográficos para produção de camadas de informação-chave para o mapeamento e a construção de indicadores; a realização de uma oficina de treinamento dedicada à geolocalização dos dados e uso de mapas transfronteiriços disponíveis para os agentes de saúde, de endemias locais para os profissionais de saúde de Saint-Georges-de-L´Oyapock (que será realizada em outubro próximo), dentre outras.

O trabalho desenvolvido pelo Sítio Sentinela Transfronteiriço vem se somar a outros desenvolvidos por pesquisadores da Fiocruz, como o do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) na região Amazônica, agraciado com o prêmio Malaria Champions of the Americas, da Organização Pan-americana de Saúde – OPAS. Uma certeza de que, mais do que os ideais, Oswaldo Cruz segue presente na região, como sinônimo de pesquisa de qualidade voltada para o bem-estar da população.


Esta é a terceira matéria da série Clima e Saúde, sobre as mudanças climáticas e seus efeitos na saúde do brasileiro, a partir dos estudos realizados pelo Observatório Nacional de Clima e Saúde, do Icict, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Na próxima matéria, o sítio sentinela do Semiárido, que pesquisa os efeitos da seca nas populações da região.

Créditos da série Clima e Saúde

Infográficos & Banners: Vera Fernandes (Ascom/Icict/Fiocruz)

Colaboração: Christovam Barcellos (Vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico/Icict/Fiocruz); Emmanuel Roux (pesquisador do Institut de Récherche pour Le Développement – IRD/France) e Paulo Peiter (pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz – IOC/Fiocruz)

Vídeo: Oswaldo Cruz na Amazônia, da Casa de Oswaldo Cruz (COC)/Fiocruz e distribuído pela VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz

Fonte de dados: Organização Mundial de Saúde (OMS)| Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (DataSUS/SIH/SUS) I Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária (Sivep-Malária)/MS | Cellule Inter-Régionale d'Épidémiologie de la Guyane (CIRE-Guyane)

Edição de vídeo e gráficos: Graça Portela (Ascom/Icict/Fiocruz)

Autor: Graça Portela
Fonte: Icict/Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data de Publicação: 25/01/2018
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/parceria-internacional-no-combate-malaria

Fiocruz recruta voluntários para pesquisa com vacina contra Febre Amarela

Um estudo inédito no Brasil está sendo conduzido pelo Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do Instituto Nacional de Infectologia (LaPClinAIDS/INI/Fiocruz) para avaliar o grau de proteção e de segurança da vacina da febre amarela em pacientes vivendo com HIV. Com este objetivo a equipe do LaPClinAIDS está recrutando 100 voluntários não portadores do vírus HIV e que nunca se vacinaram contra febre amarela, para servir de grupo controle.

Conduzido pelas pesquisadoras Lara Coelho (INI) e Beatriz Grinsztejn (INI) e por Luiz Camacho, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), a pesquisa YF-HIV - Imunogenicidade e segurança da vacina de Febre Amarela em pacientes infectados pelo HIV conta com a participação de Biomanguinhos e do Instituto Oswaldo Cruz, além de ter o apoio do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde (DEVIT/MS). “Trata-se de uma grande colaboração dentro da Fiocruz. Contamos com a cooperação dos Laboratórios de Flavivírus, da Dra. Ana Bispo, e de Imunologia Molecular, da Dra. Monick Guimarães, ambos do Instituto Oswaldo Cruz, e do Laboratório de Tecnologia Virológica (LATEV/Biomanguinhos), da Dra. Sheila Lima”, enfatiza Beatriz, coordenadora do LapClinAIDS.

O estudo incluirá 400 pessoas, sendo 300 pacientes com HIV já atendidos no LaPClin-Aids e 100 voluntários que serão recrutados na comunidade Fiocruz. “Priorizamos vacinar os pacientes com HIV que já fazem parte do nosso acompanhamento aqui no Laboratório porque temos acesso aos exames e eles já estão acostumados a participar de nossos protocolos clínicos, o que facilita a realização da pesquisa”, ressaltou Lara. A ideia da equipe é fazer um banco de cadastro com pessoas não portadoras do HIV e que não tomaram a vacina de febre amarela para que, mesmo que não queiram participar do estudo, possam recebe-la no INI.

A meta da equipe de pesquisa é vacinar 10 pessoas por dia, às segundas, terças e quintas-feiras, etapa que deve durar cerca de três meses. Uma semana após a aplicação da vacina, os participantes do estudo retornarão para fazer um exame de sangue e para responder ao questionário de eventos adversos para saber se está tudo bem com ela ou se sentiu alguma coisa. Posteriormente voltarão ao Laboratório após 30 dias para novos exames. “Nessas amostras de sangue vamos medir a quantidade de anticorpos protetores contra Febre Amarela que a pessoa está produzindo. Ela regressará após um, cinco e dez anos para podermos avaliar a duração desses anticorpos no paciente (duração da proteção dada pela vacina). Isso porque, na verdade, havia uma indicação, até bem pouco tempo, de que a vacina precisava ser repetida após 10 anos e agora não mais. A segunda dose não é considerada necessária, mas isso é uma realidade para as pessoas que vivem com HIV? Nós não sabemos. Por isso estamos prevendo um estudo tão longo para responder essa pergunta: quanto tempo duram esses anticorpos da febre amarela em pessoas vivendo com HIV?”, encerrou Lara.

Como participar

Os interessados em participar do estudo ou de fazer parte desse banco de cadastros devem procurar o Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do INI, no campus da Fiocruz, ou ligar para (21) 3865-9520 ou 3865-9540 ou através de mensagem/WhatsApp para (21) 99619-7166 ou 98158-4610. Podem se vacinar homens e mulheres, entre 18 e 60 anos, que não tenham histórico de alergia a ovo e que nunca tenham recebido uma dose da vacina.

HIV x Vacina da Febre Amarela

A vacina da febre amarela é contraindicada para quem tem imunodeficiência grave, ou seja, CD4 abaixo de 200. Para os pacientes que têm imunodeficiência moderada ou leve, ou seja, CD4 acima de 200, há embasamento para vacina-los se eles estiverem morando em uma área com risco de febre amarela, situação atual do Rio de Janeiro. “Normalmente, as pessoas portadoras do HIV no Rio de Janeiro não tomavam a vacina de febre amarela porque não havia a doença circulando em nosso estado. Essas pessoas só eram vacinadas caso viajassem para alguma região endêmica da doença. Nós podemos vacinar pacientes com HIV de acordo com a contagem de células CD4 que eles têm (um tipo de linfócitos, as células brancas do sangue, que desempenham um papel importante na imunidade dos indivíduos)”, explica Lara Coelho.

A pesquisadora explicou que cada frasco da vacina de febre amarela tem 10 doses e, uma vez aberto, deve ser todo utilizado para não ter seu conteúdo descartado. “Mesmo com o cadastro de pacientes, se não conseguirmos os 10 diários, podemos usar esse banco para convocar as pessoas e não desperdiçarmos a vacina. Ou seja, quem trabalha na Fiocruz e nunca se vacinou poderá receber sua dose aqui no LaPClin-Aids. Nós entraremos em contato com essas pessoas ao final do dia caso haja alguma dose disponível para ser ministrada. A principal preocupação é não perder nenhuma dose da vacina, principalmente nesse contexto que estamos vivendo”, afirmou.

*Edição Juana Portugal

Autor: Antonio Fuchs
Fonte: INI/Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data de Publicação: 25/01/2018
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/fiocruz-recruta-voluntarios-para-pesquisa-com-vacina-contra-febre-amarela-0

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

ANIMAIS QUE CURAM



Quem não tem medo de um escorpião amarelo enorme rodando pela casa? Sim, dá medo mesmo mas, apesar de ser perigoso, este animal é muito utilizado em estudos científicos e ajuda e muito a humanidade. É o que aponta pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o apoio da FAPEMIG. Coordenado pelo pesquisador Thiago Verano Braga, o estudo utilizou o veneno do escorpião amarelo, para os casos de infarto. “ O trabalho começou estudando a propriedade da toxina do veneno para baixar a pressão arterial, evoluiu e hoje utilizamos o peptídeo minimizado desta toxina para diminuir a arritmia cardíaca”, pontua. E o trabalho curativo dos animais peçonhentos não para por aí. Abelhas e serpentes também possuem um importante papel no que tange à utilização de suas toxinas para curar enfermidades humanas.

Realizados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), os estudos utilizam propriedades do veneno da serpente Surucucu, introduzindo uma proteína do veneno em células de insetos cultivadas em laboratório, para desenvolver um remédio que trata de doenças cardiovasculares. E por que é necessário produzir uma proteína do veneno da Surucucu em células de insetos? Ocorre que é preciso uma grande quantidade do veneno desta serpente para conseguir a toxina suficiente para continuar os estudos e, como esta cobra está em risco de extinção, a utilização dela é inviável em larga escala. Então, os pesquisadores descobriram que era possível inserir o DNA contendo a sequência da proteína Mutalisina –II em células de insetos. Assim, a célula produz a Mutalisina-II junto com as suas próprias proteínas. A pesquisa está na fase de ligação do DNA correspondente à Mutalisina-II com um DNA que permita a sua produção em uma bactéria ou célula de inseto. A partir deste momento, os pesquisadores realizam procedimentos para induzir a célula a produzir a proteína Mutalisina-II recombinante (modificada). “Após esta fase a proteína recombinante será isolada e caracterizada, ou seja, testes serão realizados para verificar se a proteína recombinante tem as mesmas funções que a proteína original”, pontua Valéria Alvarenga, pesquisadora da Funed.

Já a outra pesquisa, realizada pela Funed e coordenada por Esther Bastos, utiliza a apitoxina (propriedade do veneno da abelha) para desenvolver uma pomada para tratamento da artrite e assim diminuir a dor causada pela doença. O desafio maior, de acordo com os pesquisadores, foi fracionar esta apitoxina para retirar seus componentes alergênicos. Para isso, foi firmada uma parceria com a Escola de Engenharia Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para criar um equipamento que utiliza a fração da apitoxina em escala industrial, sendo possível lançá-la no mercado.

Pesquisadores conscientes geram pesquisas de resultado para a sociedade

Os testes realizados na pesquisa apoiada pela FAPEMIG, que utiliza o veneno do escorpião para diminuir a arritmia cardíaca, utiliza testes em animais. Entretanto, o coordenador do estudo, Thiago Braga, enfatiza o cuidado ao realizar os experimentos, sempre com ética e minimizando ao máximo o sofrimento dos animais “A grande maioria dos remédios que usamos precisam ser testados em modelos animais para se chegar nas prateleiras das farmácias. Por isso, a importância de pesquisas científicas sérias e amparadas por diretrizes das Comissões de Comissão de Ética no Uso em Animais (CEUA) ”, pontua.


Autor: Tatiana Nepomuceno
Fonte: Fapemig
Sítio Online da Publicação: Fapemig
Data de Publicação: 21/01/2018
Publicação Original: http://www.fapemig.br/visualizacao-de-noticias/ler/1214/animais-que-curam

BEBIDA NUTRITIVA É FEITA COM SOROS DO LEITE

Você sabia que todos os dias são descartados milhões de litros de soros do leite que são jogados fora no ralo das indústrias? No entanto, há na composição nutricional do soro desproteinado uma grande quantidade de nutrientes que poderia ser aproveitado em um alimento refrescante e nutritivo. A partir daí, foi desenvolvido um projeto pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), que aproveita os diferentes tipos desses soros para a elaboração de bebidas lácteas.

De acordo com coordenador do projeto Junio Cesar J. de Paula, a ideia da pesquisa surgiu pelo fato das pessoas não consumirem a quantidade recomendada de lácteos. Por outro lado, segundo ele, é cada vez maior a utilização de tecnologias geradoras de soro desproteinado, que é o último da indústria de laticínios e que são produzidos e descartados em milhões de litros no Brasil. “Porém, nesse soro, a lactose, o cálcio, outros sais minerais e as vitaminas ainda permanecem conferindo considerável valor nutricional”, afirma Junio, ressaltando que, no entanto, o aproveitamento dele na indústria esbarra na indisponibilidade de subsídios científicos.

Com isso, a pesquisa realizada observou que entre as diversas formas de utilização do soro de leite, a elaboração de bebidas lácteas constitui uma das alternativas mais simples e atrativa para o seu aproveitamento. Isso porque, de acordo com Junio, atualmente existe grande possibilidade de uso de equipamentos previamente disponíveis nas indústrias para tal procedimento. “Com isso, tais produtos, por serem de baixo custo e nutritivos, podem incentivar o consumo de lácteos melhorando a nutrição das pessoas além de reduzir problemas ambientais”, garante.

O pesquisador considera como fundamental a participação da FAPEMIG para a execução do projeto, o que, demonstra o compromisso da agência nas propostas. Segundo ele, graças a esse apoio os resultados possuem validade científica para serem publicados e utilizados com segurança e aplicabilidade pelas indústrias de laticínios. “Além de incentivar a inovação tecnológica, o que certamente irá contribuir para evolução do setor em Minas Gerais e no Brasil”, acredita.

A pesquisa que já foi concluída gerou uma dissertação de mestrado. A bebida foi apresentada na última edição do Inova Minas, realizado em setembro em Belo Horizonte. Na ocasião, cerca de 300 pessoas degustaram o produto possibilitando um feedback aos pesquisadores.




Autor: Téo Scalioni
Fonte: Fapemig
Sítio Online da Publicação: Fapemig
Data de Publicação: 21/01/2018
Publicação Original: http://www.fapemig.br/visualizacao-de-noticias/ler/1222/bebida-nutritiva-e-feita-com-soros-do-leite

BIOTECNOLOGIA X TESTES EM ANIMAIS

Pesquisadores mineiros, coordenados por Carlos Delfín Chavez Olortegui, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apoiados pela FAPEMIG, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), estão utilizando a biotecnologia na produção de imunobiológicos aplicados ao tratamento e prevenção de acidentes por animais peçonhentos.

A pesquisa consiste em criar uma metodologia in vitro que utiliza cultura de células para verificar atividades tóxicas do veneno da jararaca e avaliar sua neutralização por antiveneno, por meio da abordagem animal free. "O que fazemos é, ao invés de utilizar camundongos e injetar o veneno e o antiveneno no roedor, realizamos o mesmo procedimento em células cultivadas em laboratório. Se a reação apresentar resultado positivo e a célula mantiver suas funções normais, então o processo de neutralização do veneno pelo antiveneno foi efetivo; assim, esta etapa na produção do antídoto de uso terapêutico está encerrada e podemos ir para a próxima fase, a de fabricação do produto final", esclarece Olortergui. Na prática, a metodologia desenvolvida permitirá que cerca de 72 mil roedores sejam poupados. "Isto apenas levando em consideração 1 ano de produção em uma única instituição, dividida em oito ciclos de imunização e com 180 cavalos de suporte, representando vantagens tanto éticas, quanto econômicas para a cadeia científica. ", complementa.

É a Ciência Tecnologia e Inovação (CT&I) de Minas Gerais sendo utilizada como alternativa para substituir alguns métodos experimentais usados ao determinar as atividades tóxicas de venenos e que já são realizados em outras regiões. "Os métodos de controle de qualidade de produtos biológicos que usam um grande número de animais está se tornando inaceitável em muitos países, devido a uma rápida evolução de legislações que proíbem procedimentos que conduzem à dor e sofrimento dos animais. ", pontua. A linha de pesquisa desenvolvida pela UFMG segue modelos internacionais já praticados, nos quais a premissa dos 3Rs já é uma constante, com diversos exemplos de estudos internacionais já em execução.

Ainda, de acordo com Olortegui, o próximo passo é uma parceria entre os pesquisadores e a Fundação Ezequiel Dias (Funed). O objetivo é que a autarquia insira essa metodologia no escopo de seus trabalhos, uma vez que ela é referência no que tange ao desenvolvimento de produtos e processos envolvendo toxinas e sorológicos. "Ao contemplar a prática, almejamos que a Funed seja exemplo e potencialize no Estado a viabilidade da utilização dos métodos alternativos em algumas etapas durante a produção dos antivenenos. "Que o país reconheça a tendência internacional e acompanhe o progresso da Ciência, preservando a vida", enfatiza.

O Cenário de testes em animais no Brasil

O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), reconhece 17 métodos alternativos de testes em animais. A maioria deles envolvem pesquisas relacionadas à produção de cosméticos que possuem potencial de substituição imediata, sem a utilização de animais. De acordo com Olortegui, vários meios e métodos já estão disponíveis para serem utilizados. "O emprego da engenharia genética e tecidos celulares artificiais podem suprir testes que verificam alergias, dor e irritabilidade, por exemplo ", esclarece. Testes in vitro e modelos computacionais, cujos resultados são mais precisos, também são outras opções.

Todavia é sabido que, no universo de CT&I, algumas pesquisas, em especial quando chegam nas fases finais, necessitam da utilização de animais. Entretanto, são nas fases iniciais que os testes convencionais em animais, além de mais dolorosos, utilizam uma maior quantidade de bichos e podem ser evitados utilizando técnicas alternativas. Por isso, a prática de meios alternativos, como a desenvolvida por Olortegui, faz-se essencial dentro de um contexto em que o reconhecimento por essa prática já é real, inclusive com editais lançados pelo CNPq com caráter específico para tal.

E o País avança nesse sentido, é que a partir de 2019, conforme o prazo estipulado na RN nº 18, a mais abrangente em relação às recomendações sobre a utilização de métodos alternativos, o Brasil não poderá mais utilizar animais em quaisquer experimentos científicos, e não somente para testes de cosméticos. Diante disto, experiências com os bichinhos na produção de cosméticos já foram proibidas em vários Estados do Brasil, com exceção de Minas Gerais.


Autor: Tatiana Nepomuceno
Fonte: Fapemig
Sítio Online da Publicação: Fapemig
Data de Publicação: 21/01/2018
Publicação Original: http://www.fapemig.br/visualizacao-de-noticias/ler/1229/biotecnologia-x-testes-em-animais